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Anastasia: como se faz um musical com selo “original Broadway”

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O musical “Anastasia”, em cartaz no Teatro Renault, é um “original Broadway”. O que significa isso? Que tudo, absolutamente tudo, passou pelo crivo de produtores norte-americanos antes de estrear no Brasil para que seja exatamente fiel ao montado original em Nova York.

A produtora Almali Zraik trabalha no ramo há 20 anos e trouxe grandes sucessos para o Brasil como “A Bela e a Fera” e “O Fantasma da Ópera”. Ela estava conversando com a produção nova-iorquina de “Anastasia” desde 2017. O espetáculo viria ao Brasil em 2020, mas, devido à pandemia, os planos foram suspensos. Neste ano, Almali recebeu uma saudação inesperada. O cenário da Broadway estava disponível se ela quisesse fazer a montagem brasileira.

Ligou rapidamente para o Time For Fun, que produz os espetáculos do Teatro Renault, a mais tradicional casa de musical de São Paulo, e descobriu que em novembro o espaço estaria vago. Assim começou uma maratona para trazer, ao país, a versão musical da lenda da Grã-Duquesa Anastácia Nikolaevna da Rússia que teria sobrevivido à execução de sua família, durante a Revolução Russa em 1917.

Um toque de caixa

Normalmente, o elenco tem oito semanas de ensaios antes da estreia. Para “Anastasia” foram apenas seis. Durante todo o tempo de preparação, 29 pessoas da montagem norte-americana, entre diretores, figurinistas, supervisores, carpinteiros, coreógrafos, técnicos de luz e outros, acompanharam os preparativos da equipe brasileira atentos a todos os detalhes.

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O versionista e ator, Luciano Audrey, que também faz parte do elenco e dá vida ao vilão Gleb, teve apenas 30 dias para fazer a versão para o português. Um trabalho que geralmente leva de três a quatro meses.

Para dar conta do recado que precisava ser feito a jato, a letrista da versão original, Lynn Ahrens, trabalhou junto com Luciano aprovando com mais agilidade as músicas em português – que precisaram de pouquíssimas alterações.

Parecido, mas não igual

Os fãs de carteirinha do filme “Anastasia”, produzido pela Fox, em 1997, correm o risco de se decepcionar. Apenas quatro músicas de animação fazem parte da versão feita para o teatro e elas não são totalmente fidedignas aos conhecidos do público. A explicação: direitos autorais não são os mesmos.

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“A partir do momento que você passa a música do filme para outra história, a música precisa contemplar a história nova”, explica Luciano. “O que a gente fez para quem é fã foi deixar alguns trechos como referência às músicas do filme.”

O enredo também guarda suas diferenças. Na animação, o vilão era o feiticeiro Rasputin, que não aparece na peça, dando a vaga de antagonista ao policial secreto Gleb.

Um elenco experiente

A dedicação para que tudo que seja fiel à montagem da Broadway passa também pela seleção dos 26 atores – que é feita pelos diretores de cena, música e dança da versão original norte-americana. A atriz escolhida para ser a Anastasia brasileira, Giovanna Rangel, é muito próxima fisicamente com Christy Altomare, que protagonizou o musical na segunda montagem em 2017.

Os atores selecionados na audição tiveram apenas dois dias para decorar todas as suas falas e músicas antes de começar os ensaios, que foram intensos: 8 horas por dia de segunda a sábado. O que não foi um problema para o elenco experiente.

Apesar de Anastasia ser a primeira protagonista de Giovanna, de 24 anos, a atriz está nos palcos desde os 13 cantando, dançando e encenando. Rodrigo Garcia, que dá vida a Dimitri, herói da princesa russa, também participou de diversos outros musicais como “Chicago”, “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Billy Elliot”.

Carol Costa, que faz Lily, é outra veterana dos palcos, fez parte de “Hebe – O Musical”, “Os Produtores”, “My Fair Lady” e “Chicago”. Tiago Abravanel, que vivi Vlad, além do último BBB, já esteve em grandes produções como “Miss Saigon”, “Hairspray” e “A Pequena Sereia”. A montagem também marca a volta da cantora lírica Edna D’Oliveira ao Teatro Renault. Ela fez “O Fantasma da Ópera”, em 2005, e agora dá vida à da Imperatriz, avó de Anastasia.

Fabricado nos EUA

As 65 perucas foram os únicos itens da produção fabricados no Brasil. E para deixá-las sem fio fora do lugar foram gastas 20 latas de spray fixador. Para manter-las em ordem, nas seis sessões semanais, são usadas duas latas a cada 4 dias de apresentação.

O restante da produção veio da Broadway em sete contêineres. Cenário e palco giratórios, telões de led, elementos cênicos e todo o figurino composto por 230 trajes completos (que entre camisas, coletes, calças blazers, casacos, vestidos e saias totalizam 600 peças de roupa), 160 pares de sapatos, 65 chapéus, 25 acessórios de cabeça e 35 gravatas.

Montar um musical com o selo “original Broadway” dá mais trabalho para os camareiros, que cuidam para que as roupas estejam sempre em estado perfeito. Embora não precise costurar aqui nenhuma peça, Michele Vono, camareira-chefe, ressalta que caso tenha de ser feito algum reparo em um vestido ou camisa, a tarefa pode se tornar mais difícil.

“Os tecidos são todos importados e nem sempre participam-los aqui no Brasil”, explica. Por isso, para evitar o desgaste do material, a cada apresentação, as roupas são todas higienizadas e evita-se fazer a lavagem total das peças.

Em menos de um minuto

Os camareiros também ensaiam as trocas de roupa nos atores entre as cenas, como se fossem trocadores de pneus de Fórmula 1. Um ator do elenco de apoio chega a fazer 14 trocas de estatuetas durante o espetáculo.

Entre as cenas finais, os protagonistas, Giovanna e Rodrigo, fazem a troca mais rápida do espetáculo, cada um com a ajuda de dois camareiros. Cronometrado no relógio, ela tem 56 segundos para mudar de figurino; enquanto ele, 52.

Da plateia, o público nem percebe todo esse esforço. Apenas vibra, se encanta e aplaude a cada número musical. Quando baixa a cortina, saem cantando com satisfação as músicas do musical ou lembrando as da animação dos anos 1990. “Se eu finjo que é verdade, vai virar verdade. Faça com clareza e tranquilidade…”, diz música cantada pelo elenco principal que resume a magia do musical.

Confira um número de “Anastasia”:

Teatro Renault: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista, São Paulo. Qui./Sex.: 21h; sáb.: 17h e 21h; e dom.: 16h e 20h. Ingressos: a partir de R$ 45. Até maio. Site: ticketsforfun.com.br.

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Fonte Metropoles

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